Após dois dias de palestras e debates sobre os temas “O cinema na TV: Caminhos para realização de conteúdo audiovisual para televisão e web” e ‘“Na mesma direção: O cinema ibero-americano e seus contadores de histórias”, o seminário “E por falar em cinema...”, foi encerrado nesta quarta-feira (6), com a oficina “Cinema de papel: Leitura de roteiros de ficção”, ministrada pelo roteirista e cineasta mineiro Marcelo Caetano. O seminário abriu a primeira edição do Cine Natal, dentro da programação do Natal em Natal, realização da Prefeitura do Natal, por meio da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte). 

A finalidade da oficina foi propiciar uma leitura crítica dos roteiros contemplados no Edital Cine Natal 2013 para Roteiros de Curta-metragem de Ficção, da Capitania das Artes. Conforme Marcelo Caetano, a oficina abriu espaço para uma análise estrutural e dramatúrgica dos roteiros, potencialidades, síntese, objetividade, curva dramática, além da complexidade das personagens. “Os roteiros têm potencialidades. Vamos analisar questões estruturais e dramatúrgicas”, ressaltou o roteirista.
Sobre os editais especificamente Marcelo Caetano disse que o Estado tem que garantir a lógica de mercado, e os editais são responsáveis pela transparência necessária para isso ocorrer. “O Estado é um órgão regulamentador do mercado”, resumiu. Ele discorda que o principal problema do cinema brasileiro é a deficiência e qualidade dos roteiros. Para ele, o país tem roteiristas qualificados para o ofício. Os problemas da má qualidade de algumas produções nacionais - em sua análise – recaem na concepção de direção de atores e na decupagem.

A um jovem roteirista, Marcelo Caetano indicou o livro “O roteiro de cinema” (esgotado no Brasil), do francês Michel Chion, e leitura de obras que suscitem imagens como as do escritor Charles Dickens, além de ver muito filme.

O roteirista e diretor Marcelo Caetano nasceu em Belo Horizonte, em 16 de agosto de 1982. Formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e estudou Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Há 10 anos trabalha como roteirista, diretor e assistente de direção para cinema e televisão. Dirigiu os vídeos “A tal guerreira” (2008), “Itaquera em movimentos” (2008) e o curta “Bailão” (2009). Fez assistência de direção do longa de ficção “Filmefobia” (2008) e assistência de curadoria para o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo (2007-2009).

Os roteiros de curta-metragem contemplados no edital são “Janaína colorida feito o céu”, da proponente Bárbara Bruno Dias Baracho; “3x Maria”, de Johann Jean Evangelista de Melo e Márcia Lohss; e “Alecrim dourado”, de Rodrigo Sena. Cada projeto receberá R$ 15 mil para a realização.

De acordo com a atriz e diretora Márcia Lohss, a parte prática da pesquisa de “3x Maria” começou no início deste ano, com uma proposta narrativa, a partir de fragmentos de exercícios de três colaboradores: André Santos, Ronny Von e Márcia Lohss. De acordo com ela, o curta a ser filmado será um piloto para uma série de nove episódios.

Na opinião da artista, o valor do edital tem que ser revisto futuramente, porque para realizar um curta com boa qualidade é preciso mais que R$ 15 mil. “É o que tem para hoje, mas não é o ideal. O poder público tem que pensar a cultura a longo prazo. Falta um conhecimento mais apropriado”, disse a diretora, acrescentando que, se tudo caminhar bem, as filmagens terão início em janeiro de 2014 e a finalização do curta em março.

O processo colaborativo também foi determinante para a forma final de “Alecrim dourado”, roteiro curta-metragem idealizado pelo diretor Rodrigo Sena. Ele explicou que havia o roteiro literário e com o auxílio de amigos como Danilo Guanabara, Renata Marques e Flávia Chianca, que participaram dos diversos tratamentos do roteiro cinematográfico, foi possível fechar o script. “Cinema é uma arte coletiva. Então, aos poucos, fomos trocando ideias e amadurecendo o roteiro. Espero começar a filmar ainda neste ano. A nossa equipe é composta por 10 pessoas. Estou feliz com o primeiro passo”, comemorou.