Professores da Rede Municipal de Ensino de Natal que atuam diretamente com crianças e estudantes surdos nas unidades de ensino, participam de um Curso Básico de Libras promovido pela Secretaria Municipal de Educação. O curso teve início nesta quinta-feira (21) e vai acontecer com aulas virtuais da plataforma Google Meet, sendo organizado pelo Departamento de Ensino Fundamental e Setor de Educação Especial. Estão inscritos 47 professores cursistas.

O curso tem entre os objetivos específicos conhecer os aspectos culturais específicos da comunidade surda brasileira, utilizar libras em contextos escolares, reconhecer a importância da utilização e organização da introdução das libras nos processos educacionais dos surdos e estabelecer a comparação entre libras e língua portuguesa buscando semelhanças e diferenças. 

O curso é ministrado pela professora e formadora Juliana Alves da Fonseca da Escola Municipal Professor Luiz Maranhão Filho, com acompanhamento das assessoras pedagógicas do Setor de Educação Especial Helda Clotilde dos S. Silva, Tereza Cristina M. N. Bezerra e Samira Figueiredo, que estão conduzindo toda a metodologia com a realização das atividades síncronas com exposições dialogadas dos conteúdos por meio da plataforma Google Meet.

A professora Juliana Alves que é surda, tem graduação em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú e Letras e Libras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, iniciou a formação utilizando a língua dos sinais, informando que no curso os participantes irão praticar tipos de frases utilizando vários verbos, as expressões faciais, o tempo, horas, clima, profissões e materiais escolares todos contextualizados nas disciplinas dentro do ambiente escolar. “Esse momento é para qualificar cada vez mais nossos docentes e, assim, eliminar as barreiras comunicacionais, promovendo ambientes onde possam os estudantes aprenderem e se desenvolverem como qualquer outro estudante,” afirmou Teresa Bezerra.

A primeira aula do curso trouxe como conteúdo a História da Educação do Surdo, desde a Grécia antiga – período em que se acreditava terem os surdos algum tipo de problema mental por não externarem a comunicação oral. Já no Egito o entendimento era de que os surdos seriam “seres divinos”. De acordo com a professora Juliana Alves um dos pioneiros na educação de surdos foi o italiano Girolamo Cardano, que determinou o entendimento de que o indivíduo surdo poderia aprender a ler e escrever por meio de um método específico de aprendizagem. A professora ainda citou pesquisadores como Pedro Ponde de Leon, Charles-Michel de l’Épée, e o francês Eduard Huet, fundador do Instituto Nacional de Educação de Surdos(INES) em 1857 no Rio de Janeiro. “Aqui no Brasil ele passou a utilizar dois métodos para o ensino do surdo, a língua de sinais e mais a oralização. A escola para surdo se tornou um lugar onde os alunos poderiam também frequentar e se fixar como moradia, porque tinham dormitórios e eles iriam aprender língua de sinais.  Houve esse início através do instituto e depois essa disseminação, criando outras escolas em todo o território nacional,” sinalizou Juliana Alves.

O curso de Libras têm aulas semanais e uma carga horária de 60 horas. Os cursistas serão avaliados considerando sua presença e participação nos encontros mensais e a realização das atividades propostas durante cada aula com atividades avaliativas, práticas e escritas. A certificação será considerada para 75% de participação nos encontros.