Cerca de 30 pessoas de 16 famílias de baixa renda e em situação de mendicância foram removidas do canteiro central da avenida das Alagoas, em Neópolis. A ação que envolveu 35 profissionais das Secretarias Municipais de Trabalho e Assistência Social (Semtas), Serviços Urbanos (Semsur) e da Guarda Municipal aconteceu na manhã desta sexta-feira (23).

De acordo com a coordenadora do Departamento de Proteção Social Especial da Semtas, Priscila Dantas, o objetivo da ação foi o de sensibilizar as famílias e orientá-las para que retornassem as suas residências, além de garantir o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, já que muitas crianças estavam acomodadas nos canteiros com os pais e vivendo em situação de vulnerabilidade e risco.

“Fizemos um levantamento prévio através do nosso Serviço de Abordagem Social e constatamos que todas essas pessoas têm residência fixa em Natal e na região Metropolitana. Alguns vêm, por exemplo, de comunidades de São José de Mipibu. Por lei não é permitido que qualquer pessoa ocupe logradouros e espaços públicos”, informou Priscila Dantas.

Este foi o caso da dona de casa Aparecida Ferreira de 55 anos. Oriunda da comunidade de Macauzinho, em São José de Mibipu ela apresentou resistência às orientações dos educadores e assistentes sociais, mas ainda assim teve seu barraco de lona removido pelos fiscais da Semsur. Já a senhora foi transportada para Rodoviária de Natal de onde retornou para sua comunidade de origem.

“De todas as famílias nós removemos todo o material de montagem dos barracos. Não é permitido que eles fixem residência temporária aqui. Os pertences pessoais eles podem levar e deixaremos em suas casas. Mas, para quem oferecer resistência em sair, removeremos os pertences pessoais para o depósito da Prefeitura e só serão liberados após um processo administrativo”, explicou o diretor de Fiscalização da Semsur, Antoniel Emiliano.

Doações no Natal atraem famílias

Priscila Dantas informou que a instalação irregular das famílias para pedir esmolas acontece todos os anos no período de festas. “Elas se descolam para cá atraídas pelas doações de sacolão, roupas e presentes que as pessoas nessa época costumam fazer. Então é uma situação alimentada pela sociedade, mas que é de risco para essas famílias e principalmente para as crianças”, alertou.

A dona de casa Francisca da Silva Rodrigues, 59 anos, que estava acompanhada da filha grávida de quatro meses Leonilda Silva Rodrigues, 27 anos, é moradora do bairro de Felipe Camarão, na zona Oeste e se instalou no local deste o último dia 16. “Venho pra cá há nove anos sempre nesse período, mas depois do Natal a gente vai embora. Eu sou viúva e ficar aqui me ajuda muito porque as pessoas dão sacolão, roupa”, tentou justificar dona Francisca.

A mesma justificativa também foi da desempregada Jaqueline Bezerra da Silva, 27 anos, que se alojou hoje pela manhã no canteiro acompanhada dos quatro filhos de 5,7,10 e 12 anos. “A gente não ia dormir aqui não, só passar o dia. Não tenho com quem deixar as crianças e por isso as trouxe”, argumentou Jaqueline, que também foi removida para a residência própria na Travessa Maria Gorete em Felipe Camarão.

“A nossa ação não se encerra aqui. Vamos conversar com essas famílias, saber suas necessidades e fazer os devidos encaminhamentos sociais que sejam pertinentes”, completou a coordenadora do Departamento de Proteção Social Especial da Semtas.

A Semtas disponibilizou para a ação 14 profissionais entre educadores e assistentes sociais, além de kombis para transportar as famílias; a Semsur destacou 10 fiscais e um caminhão mucke para remover os barracos e a Guarda Municipal esteve presente com 14 homens para fazer a segurança da ação.