O arquiteto urbanista e escritor manauara, Milton Hatum, participou da segunda mesa de debate do Festival Literário de Natal e dividiu com o público um pouco da sua vida e obra com mediação da professora e poetisa potiguar Tânia Lima.
Hatum fez um preâmbulo de como iniciou a sua ligação com a literatura, com quinze anos, na década de 60 teve a oportunidade de conhecer a obra de Graciliano Ramos. O escritor se encantou com a forma e os dramas sociais relatados em Vidas Secas. “Me fez ver um outro Brasil, e me e me encantei com aquele universo”, revela.

Dez anos depois já na universidade é que Milton se arriscou a escrever os primeiros contos. A experiência motivou a deixar de lado a vida profissional como arquiteto. “Fui um arquiteto frustrado. Fiz três projetos horrorosos. Até uma casa que fiz virou um bordel em seguida lá em Manaus”, conta.

O escritor foi provocado por Tânia Lima para definir o estilo da sua literatura. Hatum se coloca como um autor que tenta escapar do regionalismo raso e tem por base o momento bom da literatura da década de 30. “Resolvi exorcizar esta marca das minhas obras. Isso foi uma coisa inventada por Otavio de Farias, um embate na época. Não me coloco como regionalista”, afirmou.

Escrever, para autor, é fazer uso das memórias e das histórias vividas, na qual se imprime a força da literatura através da imaginação. É com isso que o manauara transcende a realidade. Nas características dos textos estão marcas da realidade das pessoas. “A literatura tem que ser seca, enxuta, sem muito adjetivos, explicações e convincente”.
Para finalizar, Tânia Lima questionou sobre as inspirações de cada obra “Escrever não pode ser um sofrimento”. E os dramas sociais são muito mais sofríveis. "Escrever é para ser um prazer". Está é a lição que Hatum deixou na primeira noite do Flin “Sofrimento são os das mulheres da periferia brasileira. Não deve sofrer para escrever e sim ter prazer. Sofrer para escrever um livro isso é balela", encerrou.