A mesa “O cinema na TV: Caminhos para realização de conteúdo audiovisual para Televisão e Web” abriu nesta segunda-feira (4), o seminário “E por falar em cinema...”, dentro da programação do Cine Natal, promovido pela Prefeitura do Natal, por intermédio da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), e construído a partir dos anseios do setor audiovisual potiguar. O evento prosseguirá até o dia 6 de novembro, no auditório do Serviço Social do Comércio (SESC), Cidade Alta, de 8h30 às 12h. O Cine Natal faz parte da ampla programação do Natal em Natal.

Como explicou o coordenador de Nova Mídias da Funcarte, Rafael Duarte, o seminário foi construído a partir de conversas com o setor audiovisual da cidade. Conforme o jornalista, o seminário faz parte da política pública da Capitania das Artes para o setor audiovisual. “Ouvimos críticas e sugestões. A partir disso, queremos fomentar diálogos e trocar experiências com realizadores, produtores e demais profissionais do setor. Lançamos dois editais e apoiamos festivais de cinema na capital”, comentou o jornalista.

Hoje foram debatidos temas voltados para conteúdo audiovisual terceirizado, cinema digital, Lei n° 12.485 (que regulamenta a participação de conteúdos audiovisuais da cultura brasileira na televisão) e novas plataformas e políticas públicas para o audiovisual na televisão.

Mediada pelo presidente do Cine Clube Natal, Nelson Marques, a mesa contou com a participação da coordenadora de Programas e Projetos da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV/MINC), Lina Rocha Fernandes Távora; do diretor executivo da SescTV, Valter Vicente Sales; do analista de projetos da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV), Lucas Soussumi. E ainda, do Rio Grande do Norte, tomou parte na mesa o jornalista Iano Flávio Maia, membro do Intervozes (Coletivo Brasil de Comunicação Social) e funcionário da TV Universitária/UFRN.
Sobre o tema proposto, Nelson Marques disse que o setor audiovisual está cumprindo uma demanda para uma construção coletiva. “É uma necessidade que temos de produzir programas para a TV”, salientou o cinéfilo.

Coube à coordenadora de Programas e Projetos da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV/MINC), Lina Rocha Fernandes Távora, iniciar o seminário. A gestora fez uma exposição sobre o papel da Secretaria do Audiovisual no apoio e estímulo à produção de conteúdos para a televisão, ressaltando os editais para o setor, a Lei Rouanet, programas institucionais e convênios. Ela disse que no momento há sete editais em curso na Secretaria, o que vai gerar 130 obras audiovisuais. “Editais são políticas públicas. Acompanhem os editais no site do MinC. O espaço é de vocês. Vejam muito cinema”, recomendou a coordenadora.

Em seguida, falou o diretor executivo da SescTV, Valter Vicente Sales. Ele fez um breve histórico da emissora, informando que o canal fechado opera desde 2006 e os programas exibidos são realizados por produtores independentes. A ideia da emissora é intervir no cotidiano das pessoas, despertando-as para assumirem senso crítico. “A cultura é muito mais rica do que se apresenta num primeiro momento. Cultura é diversidade”, assinalou.

Ainda de acordo com Valter Sales, a seleção dos conteúdos da SescTV é provocar as pessoas para um olhar diferenciado sobre todas as coisas. “A educação na TV se dá pela qualidade produzida. A programação da SescTV é feita por produção independente. A principal razão disso é contar com produtores independentes vocacionados para uma área específica. É uma demanda crescente”, observou, acrescentando que na área do audiovisual o canal investe em programas de discussão sobre cinema, e não necessariamente exibição de filmes. Na ocasião, foi exibido um vídeo sobre a programação da SescTV, destacando a diversidade de temas da emissora.

Sucedeu ao diretor executivo da SescTV, o analista de projetos da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão, Lucas Soussumi. Ele disse que a Associação é uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1999, com o intuito de reunir e fortalecer as empresas produtoras de conteúdo para televisão e novas mídias (exceto publicidade) no mercado nacional e internacional.

A ABPITV agrupa hoje mais de 360 produtoras de todo o Brasil, apoiando-as por meio de iniciativas como Projeto Setorial de Exportação, capacitação, políticas públicas para o setor e desenvolvimento do mercado interno. O analista informou que mais de 59 milhões de lares brasileiros possuem televisor.

No tocante à Lei 12.485/2011, Lucas Soussumi a considera um avanço. Entre as diretrizes da lei, há a obrigatoriedade das TVs por assinatura veicular semanalmente, no mínimo, três horas e trinta minutos de conteúdo brasileiro em horário nobre, e metade deverá ser produzida por produtora brasileira independente. Conteúdos nacionais já são exibidos nas TVs por assinatura, como “Sangue, suor e javalis (canal OFF), Elas (TCM), Agora sim (Sony) e Historietas assombradas (Cartoon Network).

Fechou a mesa “O cinema na TV: Caminhos para realização de conteúdo audiovisual para Televisão e Web”, o membro do Intervozes (Coletivo Brasil de Comunicação Social) e funcionário da TV Universitária/UFRN, Iano Flávio Maia. Discorreu sobre o papel da televisão no Brasil, destacando o fato do veículo ter alfabetizado muitos brasileiros. Para o jornalista, a TV se tornou um espaço público: “É fundamental que tenhamos mais diversidade nas TVs”.

Iano Maia apoia o fortalecimento da Lei 12.485/2011 e a extensão dela para a TV aberta e a radiodifusão. “A TV Brasil ainda é muito tutelada pelo Estado. O cenário da mídia no Brasil não é nada democrático. Nove famílias do setor de comunicação dominam a mídia no país. O controle da Rede Globo é vertical”, criticou.

Em seu entendimento, não adianta apenas mudar de canal com o controle remoto, se o conteúdo não for interessante, mas sim ampliar os canais para se ter mais opções. “Falta regulamentação e regulação. Falar em regulação é falar em democracia. Nós somos dominados pelo eixo Rio-São Paulo”, lamentou Iano Maia.

Cinema iberoamericano
O seminário prossegue amanhã (5), das 8h30 às 12h, com o Encontro dos Diretores de Cinema, que vão conversar sobre o tema “Na Mesma Direção: O cinema Iberamericano e seus contadores de histórias”. Estão confirmados os cineastas Claudio Assis (Amarelo Manga, Baixio das Bestas, Febre do Rato), o espanhol Santiago Zannou (El Truco del Manco, Alacrán Enamorado e El alma de La Roja) e o produtor e diretor português Alexandre Cebrian Valente (Eclipse em Portugal).

Participam, ainda, do debate o documentarista Paulo Laguardia e o repórter fotográfico e diretor da ZooN e Goiamum Audiovisual, Henrique José. Além de debater realidades diferentes com profissionais brasileiros e estrangeiros consagrados, o encontro deverá proporcionar uma abertura e intercâmbio com realizadores locais.

Todos os debates são abertos ao público em geral, interessados em ampliar conhecimentos neste campo, como também para profissionais do audiovisual, estudantes de comunicação e cinema, realizadores, entidades que trabalham com audiovisual, TVs privadas e públicas, canais a cabo e universidades. 

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