A programação da XX Jornada de Educação da Rede Municipal do Natal (Jenat) contou com palestras e diálogos importantes sobre a situação da educação no Brasil, os desafios da carreira docente e os alunos e suas identidades. O evento, realizado no Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves (Cemure), durante dois dias, é promovido pela Prefeitura do Natal, através da Secretaria Municipal de Educação.

 

Na sexta-feira (28/02), as atividades começaram com a mesa redonda “Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado: a prática docente como emancipação e esperança”, conduzida pelo professor doutor, Lenin Campos Soares, da Universidade Potiguar. Ele falou para o público sobre o seu trabalho, pesquisa e atuação como professor. “Defino-me como professor, como alguém que escolheu essa profissão especial, e na diferença que ela faz na vida das pessoas. Nós podemos tocar muita gente sendo professor, transformando vida de famílias e principalmente transformando a vida dos nossos alunos”.  

 

A secretária adjunta de Gestão Pedagógica, professora Ednice Peixoto, que  também participou da mesa redonda, deu início à sua fala com um vídeo sobre repreensões que a sociedade viveu e vive.  “Uma realidade mais morta, porque hoje no sentido de muitas ideias que se propagam, elas já nascem mortas. Mas, mesmo assim, elas se propagam como se fossem verdades absolutas, e muitas vezes não podemos nem questionar, porque o outro também questiona e depois castiga por esse questionamento. Qual é a nossa responsabilidade como educadores diante de tanta polarização, de ações de intolerância e desrespeito, possivelmente a nossa tarefa seja um pouco mais árdua de separar o joio do trigo”.

 

A professora da Escola Municipal Professor Bernardo do Nascimento, Isabela Maria de Souza Oliveira Silva, que atua na Rede Municipal há nove anos, contou que se emocionou bastante com a primeira palestra.  “Foi difícil segurar a emoção. Vejo-me naquela situação diariamente, na questão da esperança como professora, e na perspectiva de transformar e ajudar os nossos alunos. Apesar do primeiro vestibular ser para jornalismo, acabei me apaixonando pela pedagogia. Amo o que eu faço hoje, e não me vejo em outra profissão”. Isabela elogiou no geral todas as palestras. “Os assuntos abordados este ano foram bastante interessantes, com palestras de qualidade”.

 

A gestora administrativa do Centro Municipal de Educação Infantil Professora Raquel Maria Filgueira, Maria Rosa Duarte Barbalho, também elogiou a Jenat. “A jornada é muito importante para os educadores infantis, professores e gestores, com discussões acerca de temas que iremos desenvolver ao longo do ano letivo. As palestras e debates nos dão motivação e preparação para desenvolver um bom trabalho. Este ano gostei muito, porque foi um tema bastante diverso, trazendo coisas novas e pessoas novas. Foi tudo de bom”. A gestora faz parte da Rede Municipal há 11 anos.  

 

Mais um momento que agradou bastante o público, a palestra do professor doutor Jefferson Fernandes Alves, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com o tema “Não pense que a canção está perdida: nossos professores e seus desafios”. Para Jefferson, a conversa funciona como elemento reflexivo para orientar os professores ao longo do ano e os processos formativos. “A nossa fala, se agrega às demais para pensar a diversidade como um valor em construção e que nos convida a pensar a formação como um processo colaborativo, intergeracional, que tem que ser dado dentro da profissão, e que é o exercício da profissionalidade em que os professores precisam garantir espaço para se encontrar, para rever os seus itinerários, suas práticas, seus saberes, suas experiências com condição necessária e fundamental para mediar o processo de ensino-aprendizagem com qualidade e orientando-se pela perspectiva emancipadora da educação”, ressaltou.

 

A última palestra com o tema “Cada um sabe a dor e delícia de ser o que é: nossos alunos e suas identidades” foi ministrada pela professora doutora da UFRN, Vândiner Ribeiro, que se referiu às questões de como a escola muitas vezes discrimina o diferente, seja aluno ou professor, realizou reflexões sobre as diferenças no ambiente escolar, como, tolerância, igualdade, identidade e posições do sujeito, além da importância de praticar o respeito entre os alunos e professores.

 

Para a titular da SME, Cristina Diniz, é dever desta Secretaria abordar tal temática, contribuindo com as discussões para que todos reflitam sobre o ato de educar, seus papéis como educadores e formadores de opinião. “Vamos expandir o que aprendemos e levar para as nossas escolas e CMEI, trabalhando com as nossas crianças, que é a partir delas, que temos que começar desde pequeno a mostrar que o outro é diferente sim, mas tem que ser respeitado como ele é, e ele não é menos e ou maior que ninguém. Queremos diminuir os casos de bullying, e que essa conscientização seja a grande base. Este tema, não foi escolhido por acaso, teve muito cuidado e critério. Nós compreendemos que ele vai passar o ano todo pela nossa rede, e quem sabe, daqui a um ano, estamos tendo resultados positivos dessa semente que foi plantada na Jenat”, finalizou Cristina.