Uma nova vistoria conjunta foi realizada pela Prefeitura do Natal na área do Morro do Careca, para identificar as causas do processo erosivo no monumento natural, localizado na Praia de Ponta Negra. A equipe de técnicos da secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e Defesa Civil esteve no local, no último sábado (4), com o apoio da Companhia Independente de Proteção Ambiental (CIPAM) da Polícia Militar.

A nova vistoria ocorreu na parte lindeira à praia até o limite da área militar, com o objetivo de complementar as informações colhidas na primeira visita ocorrida no dia 06 de fevereiro, em parceria com a Aeronáutica. E também deixar a Defesa Civil a par da situação in loco, após audiência realizada entre Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPRN), Ibama, Idema, Semurb entre outras órgãos, no dia 15 de fevereiro.

De acordo com o técnico da Semurb e pós-doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Petronilo da Silva Júnior, responsável pela produção de relatório técnico sobre o caso, nesta visita foi feito o monitoramento aéreo com uso de drone, da face costeira do Morro do Careca e adjacências.

A vistoria contou com a apoio da fiscalização ambiental da Semurb com os técnicos Gustavo Szilagyi, que também é mestre em Geografia e do supervisor de fiscalização, Evânio Mafra, o responsável pelo sobrevoo do drone.

O técnico da Semurb adianta que os estudos estavam concentrados no "sopé da duna", ou seja, a base do Morro do Careca e agora serão ampliados para a área lindeira, ou seja, no entorno. Para buscar elementos que tragam alguma explicação para o afloramento de barreiras, que segundo ele é "a litologia que dá base à duna e está sendo exposta na Praia de Ponta Negra por essa retirada de sedimento", explica.

E que a partir de agora as informações colhidas na primeira visita vão ser complementadas, com o objetivo de descrever os eventos erosivos que estão acontecendo na orla. Os dados coletados após as observações vão ajudar na produção de relatório técnico, que busca identificar se existe algum dano ambiental, com as possíveis medidas necessárias para o controle da situação.

“Constatamos que existem processos não apenas na parte frontal do Morro do Careca, mas também na área lindeira. Agora vamos montar um Modelo Digital do Terreno (MDT), uma espécie de maquete digital feita a partir de ferramentas de geoprocessamento que vai ajudar a calcular e identificar o quanto este processo erosivo em curso. E vamos repetir a vistoria daqui a seis meses”, explica Petronilo, que tem ênfase de estudo nas áreas de geomorfologia, dunas, organização do espaço e geoconservação e participou da elaboração do Estudo de Dunas de Natal.

Morro do Careca

O cartão postal da capital potiguar é um duna de 120 metros que faz parte da Zona de Proteção Ambiental 6 (ZPA-6) , localizada na Praia de Ponta Negra, na zona Sul de Natal, e onde não é permitida a circulação de pessoas desde 1997.

Além disso, se trata de um bem da União e área militar, por isso, tem seu acesso restrito e controlado pelo comando do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI).

A vistoria ocorre após notícia de fato recebida, por meio de vídeo, pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), por intermédio da 45ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente. O material sugeria a existência de processo de erosão no Morro do Careca.