A disciplina positiva é um conceito que já está presente em algumas escolas da rede municipal de ensino de Natal. A Escola Municipal Professora Vera Lúcia Soares Barros, localizada no bairro Pajuçara, é um desses exemplos, com trabalho que vem sendo realizado com os professores e que gradativamente está alcançando toda a comunidade escolar. Propagada nos anos de 1980 pela professora e escritora norte-americana Jane Nelsen, a disciplina positiva tem como fundamento principal entender o comportamento da criança e buscar a melhor forma de resolver as questões, baseada em empatia, amor e comunicação.

Através da ação executada pelas assessoras pedagógicas do Departamento de Ensino Fundamental, Mona Lisa Dantas, Vivian Rodrigues e Kátia Dantas, a Escola Municipal Professora Vera Lúcia Soares mergulhou nessa perspectiva, trabalhando primeiro com os professores, através de leituras, formações e reuniões para que daqui a um tempo toda a escola vivencie esta prática. Segundo Mona Lisa a escola já está a alguns anos respirando este assunto. “Nós estamos trabalhando a disciplina positiva e comunicação não violenta desde 2019, estudando, fazendo formações. Inicialmente foi um grande desafio desmistificar a vivência, as construções sociais e a forma de educar que se baseava em punir”, destaca Dantas.

Segundo a gestora administrativa Sandra Mara Mendes de Campos Paula, toda a escola está vivendo o mesmo processo, mudando o jeito de educar e de se comunicar, pois o ambiente estimula toda a equipe a se perceber em seus comportamentos, formando assim um ecossistema positivo. “Nós trabalhávamos muito pautados em punições, tirando o direito de ter intervalo, tirando pontos, porque a gente realmente acreditava que estava fazendo o melhor pelas crianças. Quando o conceito de habilidades socioemocionais chegou na escola, nós começamos a enfatizá-lo bastante. É um processo muito lento, que vai acontecendo no dia a dia. Hoje a gente já percebe as diferenças, a começar da direção - nas nossas práticas -  e assim a gente vê em todas as pessoas, até mesmo na equipe de merenda que o novo jeito de agir influencia, contagia não só os professores, como toda a escola”, relata a gestora.

Ainda de acordo com Sandra Campos Paula, todos os atores da escola estão no processo de se autorregular na hora de falar e quando alguém perde a paciência, automaticamente vem o pensamento de problematização daquilo que foi realizado. “Hoje eu não consegui, hoje eu fui agressiva, eu fui grosseiro, e a partir disso se faz o processo inverso; de retratação, de pedir desculpa a criança por ter tratado ela de forma inadequada”, explica Campos Paula.

O professor Wagner Domingos Pereira foi um dos professores que resistiu à ideia no início do processo, mas, segundo ele, já percebe diferenças na escola. “Nós fomos criados inseridos em um sistema bem punitivo, crescemos acreditando que essa era a forma certa de educar, e a disciplina positiva nos mostra exatamente o contrário, além de nós professores, os próprios estudantes mudaram o comportamento em sala de aula. Acredito que também podemos usar tais costumes não só na escola, mas também, em sociedade”.