Dando continuidade ao processo de formação continuada dos professores da Rede Municipal de Ensino, a Secretaria de Educação de Natal promoveu com os docentes da disciplina de Ciências da Natureza, na tarde da quinta-feira (10), no Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves (Cemure), a formação com o tema “O papel do professor na ação contra as arboviroses”.
O encontro teve como objetivo apresentar e discutir estratégias inovadoras de enfrentamento a doenças como dengue, zika e chikungunya, com destaque para o método Wolbachia, atualmente em implementação na capital potiguar.
A formação contou com a palestra de Edilson Marins, biólogo e gestor de projetos do World Mosquito Program (WMP Brasil), iniciativa global que atua no Brasil desde 2014. Durante a apresentação, Edilson Marins detalhou como funciona o método Wolbachia, tecnologia baseada na introdução de uma bactéria - naturalmente presente em insetos como borboletas, abelhas e moscas-da-fruta - no mosquito Aedes aegypti, vetor das principais arboviroses urbanas. Essa bactéria, chamada Wolbachia, impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro do mosquito, tornando-o incapaz de transmitir essas doenças. Os mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia são chamados de Wolbitos. É importante destacar que não há qualquer modificação genética, nem no mosquito e nem na bactéria utilizada no método.
Antes da palestra, os participantes assistiram a uma apresentação teatral realizada por agentes sanitários do Núcleo de Educação e Mobilização em Saúde da Unidade de Vigilância de Zoonoses, que abordou de forma lúdica as principais formas de prevenção da dengue. Em seguida, foi apresentado o planejamento da implementação do método em Natal, que inclui o mapeamento do território, a comunicação com a comunidade e o engajamento de escolas, unidades de saúde e líderes locais.
A ação faz parte de um trabalho de larga escala, que terá duração média de 20 semanas e prevê a soltura dos mosquitos com Wolbachia em 33 bairros da capital. As liberações serão feitas por meio de carros que circularão pelas ruas, com o objetivo de que esses mosquitos se reproduzam com os Aedes aegypti já presentes no ambiente, passando a Wolbachia para as próximas gerações e reduzindo gradualmente a circulação dos vírus. A biofábrica responsável pela criação dos Wolbitos será localizada no bairro de Felipe Camarão. Lá, os mosquitos serão produzidos em ambiente controlado para, posteriormente, serem liberados em campo. A expectativa é que o impacto positivo do projeto seja percebido a médio e longo prazo, com a diminuição dos casos de arboviroses nas áreas contempladas.
A formadora da disciplina de Ciências da Natureza da SME-Natal, Tatiana Barbosa Galvão, ressaltou a importância do envolvimento da rede de ensino no processo. “A formação está trazendo uma pesquisa muito importante, já consolidada mundialmente e que agora está sendo iniciada em Natal. Nosso papel é sensibilizar os professores, que serão multiplicadores dessas informações nas escolas, junto aos estudantes e às comunidades. A ideia é mostrar que os mosquitos que serão soltos não representam perigo, pelo contrário, eles são aliados no combate às arboviroses e ajudam a prevenir a população contra essas doenças”, afirmou.
Para o professor Anderson Estevam Lucas dos Santos, que leciona Ciências da Natureza nas escolas municipais Estudante Emmanuel Bezerra e Monsenhor José Alves Landim, a formação oferece uma oportunidade de aprofundar o debate sobre saúde pública e meio ambiente dentro da sala de aula. “Vamos transpor esse conteúdo para a prática pedagógica, mostrando aos estudantes que também podem ser agentes de transformação em suas comunidades. Esse projeto tem potencial para despertar a consciência crítica e o protagonismo estudantil em ações de prevenção e promoção da saúde”, destacou.