O Centro Municipal de Educação Infantil Nossa Senhora de Santana, localizado no Bairro Nordeste, mobilizou a comunidade do seu entorno, na sexta-feira passada, para chamar atenção para o grave problema do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. O principal objetivo foi divulgar o Disque 100, número através do qual as pessoas podem denunciar casos de abuso para que os conselhos tutelares possam investigar e tomar as providências cabíveis.

A caminhada partiu de uma sugestão da coordenadora pedagógica Micheline Pinto de Oliveira, estarrecida diante do que viu em um curso promovido pelo Ministério Público, em parceria com outras instituições, no ano passado. A partir de então, ela passou a ter um novo olhar sobre o tema. “Essa questão é muito complexa porque, como é um processo que envolve denúncia, as pessoas ficam receosas. Mas cada um tem que fazer a sua parte e confiar que as autoridades deem continuidade a essa apuração. Para isso, existe o Disque 100”, afirmou.

A diretora do CMEI Nossa Senhora de Santana, Zildete Macedo, explicou que, a partir da experiência da coordenadora, a equipe decidiu promover a mobilização. Para tanto, foram convidados lideranças do
conselho, associação de moradores, igrejas, escolas particulares e públicas, e mães dos alunos. Foram feitas reuniões sobre a exploração de crianças e adolescentes, com explicação dos sinais mais comuns de identificar nas vítimas.

“Apesar do tema ser polêmico para ser trabalhado em escola, houve uma grande aceitação. Assim, foi sendo trabalhado em cada lugar da comunidade e culminância com a passeata, com o objetivo maior de divulgar o disque 100, com esse grande envolvimento social. Foi uma forma de mostrar à sociedade que quando a gente está unido, nesse enfrentamento contra o abuso e a exploração, a gente consegue”, afirmou a diretora Zildete Macedo.

Sinais

Como é mais comum acontecer em casa, a coordenadora pedagógica Micheline Pinto de Oliveira, diz que é mais prudente denunciar, diante de alguns sinais emitidos pela suposta vítima. É importante destacar que os sinais não devem ser avaliados isoladamente, mas sim em conjunto. “É uma junção de fatores físicos, emocionais e sociais. É preciso refletir por que meu aluno, por que meu filho, era assim e agora está assim?”, explicou.

Os sinais que podem indicar violência são queda injustificada na frequência escolar, desinteresse repentino pelas atividades de sala de aula, desejo de ficar na escola e não querer voltar para casa, apego muito exagerado ao professor, isolamento em sala de aula, baixa autoestima, medo de ficar só, sono muito agitado, aversão ao contato físico, mudança de hábito alimentar (não quer mais comer ou passa a comer em demasia), marcas, hematomas pelo corpo, sobretudo na região genital, dificuldade para caminhar, dificuldade para urinar ou para defecar, secreção nas roupas íntimas, queixas constantes de gastrite e de dor de estômago.